A Psicanalise e a Covid-19
A pandemia (COVID - 19) e a psicanálise
Conhecendo os problemas psicossomáticos gerados pela COVID.
"Quando a dor de não estar vivendo for maior que o medo da mudança, a pessoa muda." Sigmund Freud
A psicanálise vem ao longo dos anos desenvolvendo um excelente trabalho relacionado ao comportamento da mente e humana. A psicanálise começou com o médico e psiquiatra Sigmund Freud ( 1856 - 1939). Ele utilizou elementos observados a sua volta como base para criar suas teorias sobre a mente e o comportamento humano. Freud buscou compreender e explicar a gênese da histeria, da psicose e da neurose.
Médico por formação na Universidade de Viena em 1881, formou-se especialista em psiquiatria, mostrando - se um renomado neurologista, ele começou a se deparar com pacientes afetadas por " problemas nervosos", o que levantou certas questões, dada a " limitação" do tratamento convencional da medicina.
Em 1896, Freud utiliza para nomear um método particular de psicoterapia* (ou tratamento pela fala) proveniente do processo catártico (catarse*) de Josef BREUER* e pautado na exploração do inconsciente*, com a ajuda da associação livre*, por parte do paciente*, e da interpretação*, por parte do psicanalista.
Por extensão, pela primeira vez, o termo psicanálise, com intuito de analisar os componentes que formam a psique. Freud criou uma nova forma de ver o homem, fundando uma nova área de conhecimento. Suas teorias á respeito do inconsciente, da infância, da neuroses, da sexualidade e dos relacionamentos humanos, tudo isso auxiliou a compreender mais a mente humana, o comportamento humano e a entender melhor a sociedade. Os conceitos por ele estudados foram usados como base á criação da sua teoria do modelo inconsciente, estabelecendo a centralidade dos conceitos de recalque e de pulsão. A teoria da pulsão tenta explicar a transformação de estímulos em elementos psíquicos, a partir dessa teoria, Freud criou diversas formulações. Apesar de ter sido formulada a mais de cem anos, ainda é usada para tratamento de transtornos como depressão, ansiedade e síndrome do pânico, nos dias atuais é muito conhecida e respeitada em várias áreas, pois auxilia na compreensão do ser humano, pode promover uma transformação pessoal e facilitar a convivência com situações difíceis e dolorosas, como tem sido nos dias atuais com a COVID - 19. Doença causada pelo Corona vírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 ( SARS - COV -2). Identificada em dezembro de 2019, depois de surto de pneumonia de causa desconhecida, envolvendo pessoas que tinham em comum o Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Wuhan, e definida , até então , como uma epidemia mundial. (Sifuentes -Rodriguez & Palácios - Reyes, 2020). Com a intenção de reduzir o ritmo da progressão da doença, as autoridades governamentais vêm adotando diversas estratégias, dentre elas o distanciamento social. Qual a relação da psicanálise com relação a pandemia?
Qual o impacto que o distanciamento social vem ocasionando na vida das pessoas? E quais são os problemas psicossomáticos gerados pela COVID?
Compreendendo melhor o impacto psicológico da quarentena, Brooks e cols (2020) realizaram uma revisão sistemática sobre o assunto incluindo estudos relacionados a surtos ou epidemias entre 2004 e 2019. Dos 3166 artigos publicados selecionados, 24 foram incluídos na revisão.
A maioria dos estudos elaborados foram psicológicos negativos como sintomas de estresse pós-traumático, sintomas depressivos, tristeza, abuso de substância, convulsão e irritabilidade.
Especialmente entre profissionais de saúde, observou-se maior probabilidade de ocorrência de exaustão, distanciamento social, ansiedade frente a pacientes febris, irritabilidade, insônia, dificuldade de concentração, indecisão, prejuízo na performance laboral, relutância ao trabalho ou resignação. Poucos estudos relataram pacientes em quarentena com sentimentos positivos como felicidade, alívio e proteção.
Os fatores estressores observados incluem: o próprio estado de quarentena, o qual implica em modificação da rotina e limitação da mobilidade, duração prolongada da quarentena, medo de infecções, frustração, tédio, suprimentos inadequados, informação limitada, perdas financeiras e estigma. Alguns autores sugerem que os impactos psicológicos prolongados gerados pela quarentena podem durar até três anos após, e que o histórico de transtorno mental consiste em fator de risco para a maior durabilidade dos impactos psicológicos negativos.
Não somos aquilo que pensamos ser. Somos mais somos também aquilo que lembramos e aquilo que também esquecemos; somos as palavras que trocamos, os enganos que cometemos, os impulsos a que cedemos, sem querer.
- S. FREUD
Segundo Freud, em inibições, sintomas e ansiedade (1926 a/ 1996), apresenta uma explicação para a constituição da fobia de um dos mais famosos casos por ele, indiretamente analisado: O Pequeno Hans. O garoto era assolado por um intenso medo de cavalos ou, mais especificamente, " medo" de sair de casa porque um cavalo iria morder - ló (Freud , 1926 a /1996, p. 104). Baseado nesse relato de Freud podemos dizer que o medo é uma antecipação mental do perigo a ser enfrentado, em outras palavras, o medo é concebido como uma emoção - choque devido a percepção de perigo presente e urgente que ameaça a preservação do indivíduo. Provoca então uma série de efeitos.
Medo de ficar doente! Medo de ficar sem ar! Medo de morrer!
As pessoas que desenvolvem essas fobias apresentam sintomas como: batimentos cardíacos acelerados, sudorese, dispneia, midríase, sensação de frio na barriga e incontinência urinária. Esses fatores estão relacionados ao medo.
A com o explosão de casos da saúde mental que já vinha crescendo exacerbadamente com praticamente 98% a mais de depressão e 70% ansiedade, que já estava no mundo gerado por muitas situações em meio convívio social, já alastrado, tendo em vista agora um fator mundial "o isolamento social", (quarentena) principal vilão, aumentador dos problemas psicossomáticos
O professor Alberto Filgueiras, do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), iniciou uma pesquisa sobre o comportamento dos brasileiros durante o isolamento. Os resultados mostram que os casos de depressão praticamente dobraram entre os entrevistados, enquanto as ocorrências de ansiedade e estresse tiveram um aumento de 80%, nesse período.
Filgueiras coordena o estudo por meio do Laboratório de Neuropsicologia Cognitiva e Esportiva (LaNCE), em parceria com o Dr. Matthew Stults-Kolehmainen, do Yale New Haven Hospital, nos EUA. Para a realização da pesquisa, 1.460 pessoas em 23 estados e todas as regiões do país responderam a um questionário on-line com mais de 200 perguntas, em dois momentos específicos, de 20 a 25 de março e de 15 a 20 de abril.
De acordo com os dados analisados, as mulheres são mais propensas do que os homens a sofrer com estresse e ansiedade durante a quarentena. Outros fatores de risco são: alimentação desregrada, doenças preexistentes, ausência de acompanhamento psicológico, sedentarismo e a necessidade de sair de casa para trabalhar. Já para depressão, as principais causas são idade mais avançada, ausência de crianças em casa, baixo nível de escolaridade e a presença de idosos no ambiente doméstico.
De acordo com o professor Alberto Filgueiras, os resultados sugerem um agravamento preocupante. "A prevalência de pessoas com estresse agudo na primeira coleta de dados foi de 6,9% contra 9,7%, na segunda. Para depressão, os números saltaram de 4,2% para 8,0%. Por último, no caso de crise aguda de ansiedade, vimos sair de 8,7% na primeira coleta para 14,9%, na segunda coleta", ressalta.
Por outro lado, a pesquisa sinaliza que quem recorreu à psicoterapia pela internet apresentou índices menores de estresse e ansiedade. Da mesma forma, aqueles que puderam praticar exercício aeróbico tiveram melhor desempenho do que os que não fizeram nenhuma atividade física, ou que praticaram apenas atividade de força.
É provável que o distanciamento social afeta de forma significativa o estado emocional das pessoas, em especial crianças e jovens. Isolamento social e fechamento das escolas relacionada a estes grupos tem resultado em um quadro de solidão, cujo contatos sociais habituais são restringidos. A solidão é um processo doloroso emocional de uma discrepância entre o contato social real e o desejado. Os efeitos são : confusão, raiva, sofrimento, tédio e frustação, desenvolvendo assim quadro de histeria.
Segundo o autor Lev Vygotsky, a criança aprende ao explorar o mundo, ao brincar sua realidade, ainda que a creche e a escola não sejam os únicos espaços de cuidado aprendizagem, ali encontramos processos sistematizados que pretendem impulsionar a aquisição de conhecimentos, esses encontros são chamados de Zona proximal de conhecimento, que contribui em muito para o aprendizado.
Com o isolamento a criança perdeu o vínculo com a realidade, sendo exposta a um nível de estresse, ocasionado na sua maioria pelos seus progenitores, associada á agressão física, mental e psicológica, e outras por substâncias que podem contribuir com a violência intra -familiar, entendida como moral, física e sexual.
Diante desse cenário de incerteza, insegurança, falta de informação coerente, como será a mente dessa nova geração de crianças, adolescentes e adultos em suas desordens emocionais?
- Muito mais coisas deve acontecer em sua mente, do aquelas que chegam em sua consciência. Vamos, deixe que lhe ensinem algo sobre este problema! [....] Volte seus olhos para dento, contemplem suas próprias profundezas, aprenda primeiro a conhecer-se! Então, compreenderá porque está destinado a fica doente e, talvez, evite adoecer no futuro.
- SIGMUND FREUD.
Autores:
Juliano Santos, Psicanalista, Teólogo, Pós-graduação Lato Sensu em Psicopedagogia Institucional, Pós-graduação em TEA (Transtorno do espectro Autista), Mestrado em Psicologia Criminal com Especialização em Forense, escritor: SANTOS, Juliano; CARDOSO, Vencendo a Timidez e Aprendendo a Falar em Público , Santos, Juliano; Cardoso, A Verdadeira face dos Lideres Religioso.
Patrícia Cristine, Estudante de Psicanálise, Graduada Biologia bacharelado, Enfermagem, Especialista em urgência e emergência Unimontes, Certificada pelo Ministério da saúde "O Brasil Conta comigo" Certifica pelo Fiocruz sobre o tema covi-19.
Referencias:
https://pebmed.com.br/quais-os-possiveis-efeitos-do-isolamento-pela-covid-19-em-jovens/
https://www.iff.fiocruz.br/index.php/8-noticias/683-isolamento-social
Diretoria de Comunicação da UERJ 05/05/2020
2003 (maunder; vicent; et al. apud brooks, 2020)